Por Batista Azevedo
Há muito queria escrever sobre o carnaval ou sobre os carnavais. O de ontem e o de hoje. Como mudou! Como evoluiu! O carnaval que teve inicio na rua, foi para os salões e voltou para as ruas e praças numa explosão de alegria e cores que apenas três dias, em datas previamente definidas no calendário gregoriano não bastam, hoje existem até os “carnavais fora de época”, que ocorrem em qualquer época do ano.
Aqui, em solo joanino, esta mudança é facilmente percebida. Antes podíamos perceber que as pessoas se preparavam para o período carnavalesco. Os matinais nos clubes carnavalescos tinham a missão de garantir a alegria das crianças e dos mais jovens. Os desfiles das Escolas de Samba, organizadas por funcionários públicos, trabalhadores autônomos, enchiam as ruas de alegria nas tardes dos domingos e terças-feiras de carnaval.
Estes desfiles, cada vez mais concorridos, com batucadas cadenciadas, atraiam multidões de todos os povoados que se aglomeravam ao longo do extenso trajeto do desfile.
A Turma de Mangueira do saudoso Edinho Serra, de Mequinho, de Aderson, de Brás e tantos outros; a Turma do Quinto de Mariano, de Zé Batata, de Procopinho; o Coração do Samba que reunia todos da Rua Nova e o ainda resistente Salgueiro do Samba de Bigurrilho e demais moradores da Beirada eram as estrelas da passarela daqueles tempos memoráveis.
À noite, era a vez dos bailes de salão. O baile das famílias, do banho de talco cheiroso, do whiski, do lança-perfume verdadeiro, das marchinhas ( olha a cabeleira do Zezé, será que ele é? será que ele é?; ô jardineira por que estás tão triste?, e outras tantas). Como se vê todos brincavam. Experimentava-se uma paz, pois só era permitido transgredir de alegria e exagerar só na fantasia.
Atualmente, alguns poucos resistentes ainda fazem este tipo de carnaval. Mas não há mais os bailes de clube, as crianças não têm mais seus matinais. Tudo agora é uma festa só. Todos juntos. Velhos e novos, foliões e expectadores se misturam num verdadeiro “empurra-empurra”. Os salões cederam vez para as praças e não necessariamente se precisa de fantasia. Só se precisa de disposição, energia e muita, mas muita alegria.
Como numa verdadeira “piracema”, cujos peixes buscam a renovação de suas vidas nas vidas postas, o carnaval vai se transformando no universo de cada um. Mas como diria o poeta português Fernando Pessoa: “tudo vale a pena, se a alma não é pequena”. Que sobrevivam os carnavais de ontem, que vivam os carnavais de hoje. Matéria publicada em janeiro de 2010. Leia AQUI.
EQUIPE DE REDAÇÃO DA AGÊNCIA SJB
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