19 de jun. de 2014

HOMENAGEM AO DIA MUNICIPAL DO TAMBOR DE CRIOULA

Ontem, 18 de junho, foi o Dia Municipal do Tambor de Crioula em São João Batista. A data foi instituída durante a administração do ex-prefeito Eduardo Dominici, mais precisamente em 2006, mais desde então vem passando em branco pelas administrações que lhe sucederam. Este ano não foi diferente, não teve nada para comemorar o Dia Municipal do Tambor de Crioula, apesar da coordenadora de Igualdade Racial, Ana Marcia, lembrar da data, homenageando aqueles que ainda mantém viva esta tradição em São João Batista. A militante e ativista chegou até a organizar uma possível apresentação do Tambor de Crioula Alegria de São Benedito, comandado pela também incentivadora da cultura, Dona Teodora, mais como integrantes da brincadeira não chegaram a tempo, não puderam se apresentar. E como responsável direta pelo dia, a Secretaria Municipal de Cultura não fez absolutamente nada, deixando passar em branco uma das tradições mais importante de nossa terra, que é o Tambor de Crioula.
Tambor de Crioula de Dona Teodora
O Tambor de crioula é uma dança de origem africana praticada por descendentes de escravos africanos no Maranhão, em louvor a São Benedito, um dos santos mais populares entre os negros. É uma dança alegre, marcada por muito movimento dos brincantes e muita descontração. Os motivos que levam os grupos a dançarem o tambor de crioula são variados podendo ser: pagamento de promessa para São Benedito, festa de aniversário, chegada ou despedida de parente ou amigo, comemoração pela vitória de um time de futebol, nascimento de criança, matança de bumba-meu-boi, festa de preto velho ou simples reunião de amigos.

Não existe um dia determinado no calendário para a dança, que pode ser apresentada, preferencialmente, ao ar livre, em qualquer época do ano. Atualmente, o tambor de crioula é dançado com maior freqüência no carnaval e durante as festas juninas. Mais aqui em São João Batista foi criado um dia específico para o Tambor de Crioula, que é o 18 de junho, criado e aprovado na Câmara Municipal de Vereadores, em 2006. A dança não requer ensaios. Originalmente não exigia um tipo de indumentária fixa, mas nos dias atuais a dança pode ser vista com as brincantes vestidas em saias rodadas com estampas em cores vivas, anáguas largas com renda na borda e blusas rendadas e decotadas brancas ou de cor. Os adornos de flores, colares, pulseiras e torços coloridos na cabeça terminam de compor a caracterização da dançante. Os homens trajam calça escura e camisa estampada.

A animação é feita com o canto puxado pelos homens com o acompanhamento das mulheres. Um brincante puxa a toada de levantamento que pode ser uma toada já existente ou improvisada. Em seguida, o coro, integrado pelos instrumentistas e pelas mulheres, acompanha, passando esse canto a compor o refrão para os improvisos que se sucederão. Os temas, puxados livremente em toadas, podem ser classificados como de auto-apresentação, louvação aos santos protetores, sátiras, homenagem às mulheres, desafio de cantadores, fatos do cotidiano e despedida. O tambor de crioula apresenta coreografia livre e variada. A brincante que está no centro é responsável pela demonstração coreográfica principal, mostrando sua forma individual de dançar. No centro da roda, os movimentos são mais livres, mais intensos e bem acentuados, seguindo o compasso dos tocadores.

A dança apresenta uma particularidade: a punga. Entre as mulheres, se caracteriza como um convite para entrar na roda. Quando a brincante está no centro e quer sair, avança em direção a outra companheira, aplicando-lhe a punga, que consiste no toque com a barriga. A que estiver na roda vai para o centro para continuar a brincadeira. Toda a marcação dos passos da dança é feita por um conjunto de tambores que os brincantes chamam de parelha. São três tambores nos tamanhos pequeno, médio e grande, feitos de troncos de mangue, pau d'arco, soró ou angelim. Um par de matracas batidas no corpo do tambor grande auxilia na marcação. O tambor pequeno é conhecido como crivador ou pererengue; o médio é chamado de meião, meio ou chamador e o grande recebe, entre os tocadores, os nomes de roncador ou rufador.

Os tambores são bastante rústicos, feitos manualmente de troncos cortados nos três tamanhos e trabalhados exteriormente com plainas para que a parte superior fique mais larga que a inferior. Internamente, o tronco é trabalhado a fogo com o auxílio de instrumentos de ferro para que fique oco. A cobertura do tambor é feita com o couro de boi, veado, cavalo ou tamanduá. Depois da cobertura, é derramado azeite doce no couro que fica exposto ao sol para enxugar e atingir o "ponto de honra", quando é considerado totalmente pronto. Durante a dança, os tambores são esquentados na fogueira para que tenham afinação perfeita.

Esta é uma homenagem do Portal Folha de SJB aos incentivadores do Tambor de Crioula em São João Batista...
Folha de SJB

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