A segunda audiência sobre o assassinato do líder quilombola Flaviano Pinto Neto, da comunidade do Charco, será realizada na manhã da próxima terça-feira (dia 10), no Fórum da Comarca de São João Batista. A primeira audiência de instrução criminal dos acusados de assassinar o quilombola foi realizada no dia 1º de dezembro, no Fórum de São João Batista.
Num clima de muita tensão, esta primeira audiência teve início às 9 horas e término às 18h, sem interrupção para o almoço. Foram interrogados, pelos representantes da Justiça e do Ministério Publico, os fazendeiros Manoel de Jesus Martins Gomes e Antônio Martins Gomes – acusados de serem os mandantes – e Josuel Sodré Sabóia, ex-policial militar acusado de ter contratado o pistoleiro Irismar Pereira, que teria efetuado os sete disparos que mataram Flaviano.
Irismar Pereira não foi ouvido ainda porque, segundo Armando Serejo, um dos advogados dos acusados, “a família dele nunca providenciou um advogado e ele não pode ser ouvido sem apresentar defesa preliminar”. Por isso os três réus serão ouvidos juntos. Enquanto isso, Irismar permanecerá preso e terá uma audiência separada.
Ao todo, foram ouvidas 16 testemunhas entre acusação e defesa. As expressões no rosto, o tremor nas mãos e na voz, denunciavam o medo que acompanhava cada uma. A testemunha mais importante do caso, Dulcimar Serra Ferreira, conhecida por “Cilene”, proprietária do bar onde Flaviano foi assassinado e presente no local do crime, negou todo o depoimento prestado para o delegado Armando Gomes Pacheco, no dia 31 de outubro de 2010.
De acordo com o primeiro depoimento, Cilene narrou que no dia do crime pouco depois das 20h, Flaviano chegou no bar na carona de uma motocicleta, que o condutor da motocicleta pagou com 50 reais, 3 cervejas para Flaviano, após ela devolver o troco, o homem saiu rapidamente. Que alguns minutos depois, lentamente entrou no bar um homem com uma arma preta na mão e sem dizer nada efetuou os disparos.
O homem que teria conduzido Flaviano até o bar, para sua execução, seria o ex-policial Josuel Sabóia que chegou à audiência e foi embora num helicóptero do Exército. Os acusados de serem os mandantes do assassinato negaram qualquer envolvimento no crime. Jornal Pequeno.
EQUIPE DE REDAÇÃO DA AGÊNCIA SJB